- Julio Diniz

Quantas vezes já participou da Jornada Nacional de Literatura? Quando foi a primeira vez?

Eu já participei de cinco Jornadas, sendo quatro como coordenador de debates. A primeira vez foi em 1995.

Qual o seu conceito em relação à Jornada Nacional de Literatura?

O melhor possível. Para mim é um dos maiores espetáculos do saber que qualquer um em qualquer lugar do mundo pode testemunhar e participar. Não existe nada igual. Eu conheço boa parte desse planeta e nunca vi algo igual. É uma festa do saber com sabor!

Você é escritor, crítico e ensaísta, além de ser especialista na área de leitura e na interface música/literatura/cultura. Na sua percepção, quais as mudanças significativas (na sua vida profissional e no evento) desde sua primeira participação até o momento?

A sucessão das Jornadas é a certeza inquestionável do prolongamento da idéia e da fertilidade de seus propósitos. Acho, e tenho companhias ilustres que confirmam o que vou dizer, que ninguém pode dizer que é um escritor, crítico, ensaísta, professor e cidadão pleno sem ter passado pelas Jornadas. É um maravilhoso "desbunde" sinestésico, mesclando emoções, sensações e um profundo comprometimento com a seriedade e a discussão de idéias.

Fale um pouco sobre o projeto do dicionário Albin de Música Popular Brasileira. O que exatamente é o projeto, qual o objetivo?

A importância da Música Popular Brasileira no cenário de nossa cultura é inegável. Podemos constatar que a MPB, além de sua relevância como manifestação estética tradutora de nossas múltiplas identidades culturais, apresenta-se como uma das mais poderosas formas de preservação da memória coletiva e como um espaço social privilegiado para as leituras e interpretações do Brasil. O prestígio de nossa música consolida-se em todo o mundo, podendo ser considerada como um dos símbolos de nossa gente, seus hábitos, seus fazeres, haveres e falares. A relevância de nossa produção musical necessita, ainda hoje, de uma reflexão crítico-teórica e de um trabalho historiográfico de fôlego que possam mapear, sistematizar, discutir e ler criticamente o seu vasto universo.

Por tudo o que foi exposto acima, surgiu o Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira, uma tentativa de recuperação e consolidação da memória musical de nosso povo através de canções, nomes, imagens, períodos históricos e gêneros. Um esforço de compreensão de um imaginário social povoado de sons, versos, narrativas cotidianas e personagens que embalaram
desde casos de amor até reivindicações políticas, quase sempre reinventando o dia-a-dia, traço essencial da maioria dos poetas da canção popular no Brasil.

Assim como Ignácio de Loyola Brandão e Deonísio da Silva, você é presença obrigatória nas Jornadas Literárias de Passo Fundo para coordenar as mesas de debate. Comente sua experiência no evento.
Emocionante. Impactante. Apaixonante.

Como está se preparando para o evento?

Rezando para que as pernas não tremam nem a voz fique embargada. Por mais que eu, Deonísio e Loyola tenhamos experiência e prática de lidar com debates e debatedores, o friozinho atravessa a coluna. Não é o friozão do inverno gaúcho e passa rápido tão logo o "espetáculo da leitura e da cultura" se inicia. Parecemos atores antes de entrar em cena...

Fale um pouco sobre o tema: Vozes do Terceiro Milênio: A Arte da {Inclusão}_ .

O tema é de uma propriedade inquestionável. O que mais se debate hoje e ser quer debater é a maneira de retirar os excluídos da marginalidade e da solidão econômica, política e existencial, e inclui-los na festa da democracia participativa e da multiplicidade cultural.

Quais seus projetos futuros?

Publicar o Dicionário de Música Popular em livro (por enquanto ele está na internet - www.dicionariompb.com.br), passar três meses na França por conta de uma pesquisa e terminar dois livros que já iniciei.

26 A 29 DE AGOSTO DE 2003 - CAMPUS UPF - CIRCO DA CULTURA - PASSO FUNDO - RS - BRASIL
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